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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Enchentes: OAB-RJ alerta para desmobilização e cobra política de longo prazo

Rio de Janeiro, 27/01/2011 - O presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadih Damous, enviou hoje (27) ofício com pedido de providências ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, requerendo a adoção de uma política pública efetiva e de longo prazo para as cidades da região serrana do Rio que foram atingidas pelas enchentes. Após visitar, nesta quarta-feira, a cidade de Nova Friburgo, Damous se disse alarmado ao constatar que já se percebe um cenário de desmobilização por parte das autoridades e agentes de saúde. "Friburgo e qualquer das outras cidades que foram atingidas não conseguirão, sozinhas, superar essa tragédia. A política pública por parte do governo deve ser ampla e em vários sentidos, não só focada na reconstrução de casas. Não temos visto nenhuma medida neste sentido".
No relato feito ao governador, o presidente da OAB-RJ se diz especialmente em alerta para os indícios de desmobilização por parte das autoridades. Segundo ele, Nova Friburgo, além do cenário de destruição, é uma cidade extremamente empoeirada, com pessoas usando máscaras porque não conseguem respirar, e o hospital de campanha que funcionava na praça já foi desativado. "Como há desativação se a estrutura de saúde de Friburgo já era precária e ficou muito pior após a tragédia? É óbvio que a situação de crise e emergência já passou, mas os problemas deixados após a tragédia são complexos", afirmou.
Segundo Damous, também corre pela cidade um boato de que a busca por corpos de desaparecidos prosseguirá somente até a próxima sexta-feira. A notícia, se confirmada, será um erro absurdo na avaliação do presidente da OAB fluminense, visto que há locais isolados em Friburgo onde só se chega de helicóptero ou a cavalo. Wadih Damous ainda alertou o governador para a grave crise de desemprego que acometerá a cidade, uma vez que muitas empresas simplesmente acabaram. Segundo ele, também não tem sido feito um trabalho de assistência social sério junto às pessoas que perderam moradia e parentes, o que tem impulsionado assustadoramente o consumo de bebida alcoólica na cidade.
Outro ponto destacado no documento a Cabral é o fato de que a população tem se recusado a sair das áreas consideradas de risco porque os alojamentos do governo são mal equipados. Segundo Damous, já foram ofertadas à Prefeitura as mesmas tendas utilizadas no Haiti e que são melhores do que os abrigos mantidos pela Prefeitura. "No entanto, não se vê iniciativa no sentido de encontrar uma área para instalar essas tendas, oferecidas gratuitamente aos desabrigados e que ainda não estão sendo aproveitadas".
Damous finaliza defendendo que não pode haver desmobilização, pois a crise estrutural decorrente da tragédia está nas cidades para quem quiser ver, com pessoas desalojadas, desempregadas e com graves problemas psicológicos. "Se essas pessoas forem simplesmente deixadas à própria sorte, não vão conseguir se recuperar".
Fonte: Portal OAB

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