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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Mãe de Eloá diz que "nada vai suprir" sua dor e que Lindemberg terá tempo para "refletir sobre o que fez"

Débora Melo
Do UOL, em Santo André (SP)

A mãe da Eloá Pimentel, Cristina Pimentel, afirmou nesta quinta-feira (16), logo após o anúncio da condenação de Lindemberg Alves pela morte de sua filha e outros 11 crimes, que “nada vai suprir” a sua dor. E que espera que o réu "reflita" sobre o que fez. “Nada vai suprir a minha dor, mas foi feita Justiça, porque pelo menos eu sei que ele vai ficar um tempo preso pra refletir sobre o que ele fez e não fazer com outras. É isso o que eu espero”.

Mãe de Eloá aparece em janela do Fórum de Santo André, na Grande São Paulo, e acena para as pessoas que estão do lado de fora, após condenação de Lindemberg
Mãe de Eloá aparece em janela do Fórum de Santo André, na Grande São Paulo, e acena para as pessoas que estão do lado de fora, após condenação de Lindemberg

Ao falar brevemente com jornalistas que aguardavam do lado de fora do fórum de Santo André, na Grande São Paulo, a mãe da vítima fez uma longa lista de agradecimentos, aos advogados, oficiais de Justiça, à promotora Daniela Hashimoto, e a juíza Milena Dias. “Quero primeiro agradecer a Deus. Se não fosse ele, não sei o que seria de mim (...) Agradeço a todos que estão aqui, aqueles que dormiram aqui, e eu não pude sair para falar, porque passei muito mal. Quero agradecer a todos, de coração”.
Lindemberg Alves, 25, foi condenado pela morte de sua ex-namorada Eloá, 15, após quatro dias de julgamento. A jovem foi feita refém por cerca de cem horas em outubro de 2008 em seu apartamento, localizado em um conjunto habitacional na periferia do município paulista. O crime considerado é o de homicídio doloso duplamente qualificado.
O réu também foi condenado por mais 11 crimes: duas tentativas de homicídio (contra a amiga de Eloá, Nayara Rodrigues, e contra o sargento Atos Valeriano, que participou das negociações), cinco cárceres privados (de Eloá, e três amigos:  Iago Oliveira e Victor Campos, e duas vezes por Nayara, que foi liberada e retornou ao cativeiro) e disparos de arma de fogo (foram feitos quatro).
A pena proferida pela juíza Milena Dias foi de 98 anos e dez meses de reclusão, em regime inicialmente fechado --ele não poderá recorrer em liberdade. O réu, entretanto, não pode ficar preso por mais de 30 anos, de acordo com a lei brasileira. Lindemberg ouviu a sentença de cabeça baixa. Além da prisão, foi decretada uma multa de 1.320 dias-multa.
A ação começou no dia 13 de outubro de 2008. Junto com Eloá, foram feitos reféns os amigos dela que estavam reunidos para fazer um trabalho de escola: Iago Oliveira e Victor Campos foram liberados no primeiro dia de cárcere; e Nayara Rodrigues foi liberada no segundo dia, mas retornou ao cativeiro.
A ação terminou no quinto dia, quando policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), que negociavam a liberação das reféns, invadiram o apartamento, afirmando ter ouvido um estampido do local. Em seguida, foram ouvidos mais tiros: dois deles atingiram Eloá, um na cabeça e outro na virilha, e outro atingiu o nariz de Nayara. Eloá morreu horas depois; Nayara foi levada para o hospital e sobreviveu. Lindemberg, sem ferimentos, está preso desde então.
O júri começou na última segunda-feira (13) e ouviu ao todo 13 testemunhas nos quatro dias de julgamento, entre familiares da vítima, os amigos que foram feitos reféns e policiais que participaram da ação.

Sentença

Ao ler sua sentença, a juíza Milena Dias disse que o réu agiu com frieza e de forma premeditada, "com orgulho e egoísmo", citando que os crimes foram uma "barbárie" e causaram "angústia dos familiares". "Lindemberg teve uma bárbara e cruel intenção criminosa", alegou. "O réu agiu com frieza, premeditadamente, em razão de orgulho e egoísmo, [e por considerar que] Eloá não poderia terminar o relacionamento amoroso."
A magistrada também afirmou que Lindemberg causou transtornos a sociedade, além de causar grande comoção na população. "Ele teve uma conduta que extrapola o dolo normal", afirmou.
"Durante a barbárie, o réu deu-se ao trabalho de dar entrevista para emissoras, demonstrando seu comportamento audacioso e frieza assustadores. O réu chegou a pendurar uma camiseta de time de futebol na janela da residência invadida", completou. Ao fim da leitura da pena, a promotora do caso pediu que o réu responda ainda por porte ilegal de arma.
A juíza disse ainda que encaminhou ao Ministério Público uma denúncia contra a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, por ela supostamente ter cometido um crime contra a honra ao afirmar, durante o júri, que a magistrada precisava voltar a estudar.

Análise da pena

Na avaliação do advogado criminalista e juiz aposentado, Luiz Flávio Gomes, a condenação foi “bastante rigorosa”. “As penas foram bastante rigorosas, fora dos padrões. Não é a praxe do Judiciário”, afirmou Gomes, que também foi promotor e delegado de polícia.
De acordo com o advogado, a condenação não permitirá que Lindemberg progrida do regime fechado para o semiaberto. O Código Penal permite aos condenados progressão de regime após cumprir dois quintos da pena para crimes hediondos e um sexto para outros delitos. Lindemberg foi condenado a 12 crimes, que totalizaram uma pena de 98 anos e dez meses, além de 1.320 dias/multa.
“Pelos cálculos, ele ficará detido, no mínimo, 30 anos e meio antes de progredir para o semiaberto. Nesse caso, ele ficará preso 30 anos [pena máxima no Brasil] não terá progressão de regime”, afirma Gomes.

Fonte: Portal UOL

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