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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

TJRJ - Testemunhas dizem que Thor descia a serra a 100 km/h

Extraído de: Nota Dez  - 10 horas atrás


A juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ouviu nesta quarta-feira, dia 12, os depoimentos de seis testemunhas de acusação e duas de defesa do processo que apura o envolvimento de Thor Batista, filho do empresário Eike Batista, no atropelamento do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, em março deste ano.

A audiência começou às 13h20 e terminou às 16 horas, mas não foi concluída. A continuação dos depoimentos foi marcada para o dia 13 de dezembro, às 13 horas, quando será ouvida a testemunha de defesa Mauro Ricart. Também serão ouvidas, por carta precatória, as testemunhas Ventura Raphael e Valdir Florenzo.

Na audiência de instrução e julgamento realizada hoje, a juíza Daniela Barbosa e a promotora Simone Paiva da Mota ouviram inicialmente os depoimentos das testemunhas de acusação.

O policial rodoviário federal João Miguel Resende Ribeiro, há quatro anos no posto rodoviário, disse que o local é de constantes acidentes. Ele contou que no dia dos fatos estava de serviço e foi acionado para atender o acidente que tinha ocorrido no km 101 e que ao chegar ao local encontrou o veículo e o corpo da vítima às margens da rodovia, atrás do carro. Segundo ele, Thor não estava no local, e sim mais à frente, com a equipe da Concer. O policial falou também que o local do acidente permanecia preservado e que a bicicleta estava do outro lado. No pátio da Concer, ele fez o teste de etilômetro em Thor e o resultado foi negativo.

O técnico em enfermagem da Concer Julio Cesar Lima França Junior afirmou que a equipe atendeu o acusado na base da concessionária e que ele estava com escoriações leves no braço e manchas de sangue da vítima na roupa. De acordo com o funcionário da Concer, Thor estava com outro rapaz, que não apresentava ferimentos, e contou que tinha se envolvido em um acidente e afirmou ser ele quem dirigia.

Amigo de Thor há cerca de sete anos e carona no dia do acidente, Vinícius Balian Racca também prestou depoimento como testemunha de acusação. Ele disse que ambos frequentam a casa um do outro e que no dia do acidente estavam descendo a serra quando, chegando à parte final, num trecho escuro e sem sinalização, em um declive com uma curva, eles se depararam com a vítima no meio da pista. Ele declarou que era um ângulo muito ruim e escuro e que, quando o farol iluminou, a vítima já estava muito em cima. Segundo ele, o ciclista estava mais para esquerda, com um pé no chão, como se estivesse apoiado na bicicleta. Para Vinícius, pareceu que estavam em velocidade normal da via e que, quando houve o impacto, o vidro do pára-brisa ficou todo estilhaçado e o teto desceu. Ele contou também que não dava para ver para onde o carro estava indo e que sentiu o carro indo para a esquerda. Thor abriu a porta e disse "estamos no meio da rua". Ele, então, foi colocando o carro para o acostamento até parar. Vinícius contou que estava em desespero, sentindo dor, pois o impacto foi do seu lado e estava todo ensanguentado.

O amigo de Thor disse ainda que se recorda de um ônibus que ultrapassaram na serra e que acha que ele estava na pista da direita também. Para Vinícius, eles estavam em velocidade normal, a cerca de 100 km/h .

O motorista da empresa de ônibus Única Fácil, Germano Amorim Lima, disse que a rodovia tem duas pistas, de subida e de descida, e que cada pista tem duas faixas, estando ele no sentido Petrópolis-Rio. Germano vinha na faixa da direita e foi ultrapassar um caminhão. Disse que estava na faixa da esquerda, entre 83/85 km, se preparando para retornar para a direita, quando viu um carro ultrapassando pela faixa da direita, passando para a esquerda e seguindo. De acordo com ele, o veículo que o ultrapassou estava a mais de 100 km/h e que naquele trecho existe um leve aclive. Cerca de meio minuto depois, ele se deparou com o acidente. Era noite e no local a iluminação é precária. Ele chegou a ver a vítima caída na pista de retorno, que fica do lado esquerdo.

O técnico de enfermagem Robson Gonzaga Basílio, há oito anos na Concer, disse que sua equipe foi acionada ao local, onde o corpo da vítima estava caído, na pista de rolamento do retorno. Segundo ele, o carro do acusado estava a 150 ou 200 metros à frente do corpo, estacionado no acostamento, e que o corpo da vítima estava desfigurado na esquerda e a bicicleta, toda distorcida, na direita.

O acadêmico de medicina Delcio Aparecido Durso contou que saiu de Petrópolis em direção ao Rio e que descia a serra entre 100/110km por hora no momento do acidente. Disse que não tinha trânsito intenso e que trafegava na faixa da esquerda. De acordo com ele, havia um ônibus da Viação Única na faixa da direita e que ele estava logo atrás do ônibus. Delcio disse que viu um veiculo ultrapassando pela pista da direita, passando por ele e o ônibus e que só percebeu o carro de Thor pelo ronco do motor. Ele manteve a velocidade de 100 a 110 km por hora e que o outro veículo ultrapassou e se distanciou muito rápido. Para ele a velocidade era grande, pois se afastou muito rápido. Logo à frente, ele viu a colisão e o carro de Thor parado a uns 300 metros do local do acidente. Para o acadêmico, o acusado estava tão rápido que parecia uma "fuga policial".

Como testemunha de defesa, o caminhoneiro Carlos Renato das Neves Costa disse que vinha de Itaipava e iria para Jacarepaguá, na Zona Norte do Rio. Ele chegou ao local logo após o acidente e viu o carro do acusado com as portas abertas. O automóvel estava amassado na parte da frente e no teto. Segundo ele, antes do atropelamento, Thor passou por ele pela esquerda e seguiu. Ele disse que o acusado não estava em alta velocidade, pois deu tempo dele admirar o carro de Thor, uma Mercedes.

A última testemunha de defesa a depor foi o motorista particular do réu, Paulo Antonio Lopes Vieira. Ele fazia parte da equipe de segurança, que seguia o carro de Thor, no dia do atropelamento, acompanhado do segurança Eraldo. Naquele dia, eles saíram do Rio e foram até Itaipava e, no final do dia, estavam retornando a uns dois minutos atrás do carro de Thor. Ele explicou que é comum ficar dois minutos atrás, principalmente na estrada e porque o carro de Thor era um esportivo e eles estavam em uma Hilux , pesada, e que tem pouca estabilidade nas curvas. Por isso, não é aconselhável andar em velocidade alta, estando eles a 80 km . Ele afirmou que costumam andar mais juntos nas pistas mais perigosas - Linha Vermelha ou Linha Amarela -, e que, quando eles chegaram ao local, o acidente já tinha ocorrido. Thor teria dito que havia atropelado uma pessoa que estava de bicicleta na sua frente e que precisava chamar por socorro. Um popular ouviu e disse que a ambulância já tinha sido chamada e que o acusado estava com muito sangue e cacos de vidros.

Processo nº: 0026925-48.2012.8.19.0021.

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

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